Espaço de discussão e reflexão sobre a experiência do olhar e suas reverberações no corpo na construção/remontagem do espetáculo de dança contemporânea "feche os olhos para olhar" da desCompanhia de dança.

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Impressões da Circulação

Viajar com a des é sempre muito bom. Particularmente eu sinto que a experiência da viagem sempre amadurece a companhia com uma intesidade diferente do tempo vivido na nossa própria cidade. Parece que a gente sempre volta sabendo melhor o que fazemos e o que queremos ainda fazer para continuarmos vivos e ativos na dança. O contato com o diferente, tanto no sentido de novos contextos como também de novas pessoas que cruzam nosso percursso, nos faz crescer imensamente. Como diz nossa querida colaboradora deste projeto Márica Tiburi, “juntos somos outros”.

Votorantim – É muito interessante observar o que acontece com algumas cidade de interior no Brasil em se tratanto de movimentação artística e cultural. Votorantim é uma delas, cheia de gente com muita vontade de fazer arte e de trocar. Tivemos um público farto e extremamente disponível nos 2 dias de apresentação, e no dia do bate-papo muita gente também ficou para conversar com a gente. Compartilhamos um pouco sobre nossos processos de criação e conversamos sobre as políticas culturais para a dança fazendo alguma comparações entre cidades menores e capitais. Também em Votorantim conhecemos o Coletivo C e nos encantamos com a maneira que eles interagem diretamente na comunidade no seu fazer teatral. A arte feita na rua neste caso ao mesmo tempo que aponta para uma ausência (do espaço físico para criação), é também uma potência de aproximação com pessoas de pouco acesso à cultura. Enfim, descobrindo novas formas de exercitar a continuidade dos nossos afazeres em dança.

São Paulo – São Paulo é naturalmente uma cidade mosntruosa que muitas vezes engole a gente. Thereza Rocha nos disse em um almoço informal que se sente desaparecer nesta cidade, e eu entendo um pouco ela. Com tantas coisas acontecendo ao mesmo tempo, tantas opções culturais, a sensação que dá é que vamos mesmo desaparecer. Mas desta vez não foi bem assim. Dançamos no Centro Cultural São Paulo com um público excelente nos 3 dias (uma média de 40 pessoas por dia) e recebemos feedbacks muito generosos. Foi também em São Paulo que fizemos o primeiro colóquio com Thereza Rocha e Márcia Tiburi e nos deleitamos com suas palavas dançantes. Devido a esse intenso movimento cultural, São Paulo nos faz ser mais teimosos em nossas convicções artísticas e nos provoca a defender com força nosso trabalho, e isso é muito bom. Enfim, uma cidade desafiadora e importante na tragetória deste projeto.

Fortaleza – Em uma palavra: calor. Fortaleza é uma cidade que abre o coração da gente aos poucos até nos percebermos com o peito escancarado para tudo o que acontece. O calor está no clima, mas também nas pessoas e nos lugares. Fomos muito bem recebidos por essa cidade amorosa e cheia de brisa. Apresentamos o “feche os olhos” no Teatro Universitário para um público muito curioso e participativo; foram muitas pessoas de lugares bem diferentes: estudantes, professores de dança, público espontâneo. Mas a curiosidade foi mesmo o que mais me chamou a atenção. No colóquio com a Márcia e a Thereza por exemplo, haviam aproximadamente 70 pessoas, todas com seus caderninhos de anotação, gavadores, perguntas, compartilhamentos de impressões. Uma troca deliciosa. Além de ser uma cidade muito acordada para a dança do Brasil e do mundo, sede de muitos eventos importantes e com um curso de graduação em dança extremamente atualizado, com uma grade curricular interessantíssima. Quando saímos de lá, ía começar a Bienal Internacional de Dança … uma pena não podermos ficar. Mas trouxemos o calor para cá.

Itapipoca – Certamente a cidade mais inusitada da nossa circulação, quase no sertão do Ceará, pequena e quente. Itapipoca tem aproximadamente 120.000 habitantes. Mas a dança nessa cidadezinha não passa despercebida não! O projeto desenvolvido por Gerson Moreno no seu lindo espaço Galpão da Cena (hoje um Ponto de Cultura) envolve um grande número de artistas criadores e educadores, além de se desdobrar significativamente em toda a comunidade. Gerson dirige 2 companhias: a Cia. Balé Baião e a Cia Rebentos de Dança Contemporânea, núcleo residente e atuante no Galpão da Cena e extensão da Cia Balé Baião. Todos os artistas do Balé Baião são também educadores de dança e circo em projeto municipais e também dão aulas no próprio Galpão, aulas essas que fazem parte da programação do Ponto de Cultura. O que é maravilhosos no trabbalho de Gerson, é sua insistência e dedicação no trabalho continuado, na formação de multiplicadores de dança e no fomento de plateia na cidade. Todo final de espatáculo (aliás, os 2 dias foram super lotados!!!) ele faz questão de conversar com o público, explicar algumas coisas importantes, incentivar para que voltem mais e mais vezes. E eles voltam! Também foi muito especial a troca da desCompanhia com a Cia. Balé Baião através de vivências práticas dos nossos processos de criação e metodologias de trabalho e muita, sempre muita conversa.

Muito obrigada a todas as pessoas maravilhosas que cruzaram nossas viagens!

Muito obrigada des, por me possibilitar experiências tão especiais!!!

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