Espaço de discussão e reflexão sobre a experiência do olhar e suas reverberações no corpo na construção/remontagem do espetáculo de dança contemporânea "feche os olhos para olhar" da desCompanhia de dança.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Mural de recados

Depois de 1 mês em cartaz, termina a temporada do Feche os olhos para Olhar no Teatro Cleon Jacques. Muito obrigado a todos que ajudaram direta e indiretamente para que isso fosse possível. Abaixo deixaremos alguns dos depoimentos e impressões que recebemos sobre o espetáculo. Muito obrigado pelo carinho e atenção.      
                           desCompanhia de dança.

Alessandra Lange disse… fechei os olhos

queridos integrantes da descompanhia....gostaria de agradecer o espetáculo de sábado que tanto me emocionou....
Ju...continuo sendo sua fã
Peter...cada vez gosto mais de vc (dançando e rindo!)
Yuki...vc me emociona com sua sinceridade....é lindo conhecer alguém assim... pode ter certeza que não só eu....mas a dança agradece!!!!
Cintia....queria te dar um abraço pelo lindo trabalho e pelo tanto que te admiro!!!!
parabéns...curitiba fica mais rica e mais feliz!!! rsrsrsrsrsrs
beijo grande.
alessandra lange.   22 de outubro de 2010

Cíntia Ribas disse…

oi queridos todos!
o trabalho de vcs é contagiante, forte e bem vivido.
eu é que agradeço!
muita luz
Cíntia Ribas. 17 de novembro de 2010

Fabiana Baptistello disse...

Yuki, parabens e mutio obrigado pelo lindo espetaculo, é emocionante!!!! Um show mesmo!!! amei!!! Quem ainda não foi corra, pois é só até o proximo fim de semana !!!! bjus!!!!!
Att, Fabiana Baptistello.   13 de Novembro de 2010

Ana Carla Puerari disse...

Só digo UMA coisa: quem não foi PERDEU!! o negócio é um ESPETÁCULO meeeesmo! Nesse findi e no próximo são os últimos dias! Corram! ;D
Ana Carla Puerari   11 de novembro de 2010

Rosa Lantmann disse...

SHOW DE BOLA!!!  Quem não foi perdeu, MESMO! Gente é algo inexplicável, só indo para SENTIR! É muito show . Yuki, piá, o que é tudo aquilo!? Você está de parabéns, que delícia de ESPETACULO!!! Beijocas a todos!
Rosa Lantmann    11 de novembro de 2010

Bety Damballah disse...

Ontem estive lá ... Com relação a dança contemporânea, AINDA NÃO SEI se amo ou se odeio (rs rs rs ) ... fiz 3 oficinas ... como saber se gosta de algo se não conhece?? E a dança contemporânea é tão distante do meu mundinho dançante ....
No bate papo ontem alguem da Cia falou: "como a minha dança cai no fundo da sua alma?" .... Fantástico esse questionamento ... e respondo agora:
Me caiu muito bem ... gostei muito ... viajei olhando, observando, escutando e até comparando ... (eu faria algo igual ao que o "japa" fez??? Ainda não!!! Ainda não sou liberta.
Ainda não sou liberta, já tinha sentido isso na ultima oficina com a Wosniak, assim admiro e até idolatro essa liberdade que vcs tem e mostram no palco ... vcs vão e vem sem pedir licença e mesmo assim não são invasivos ... como pode??
AMEIIIII!! O espetáculo está lindo ...
Lilililililiiiiiiiii ...  16 de outubro de 2010

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Sujeito da experiência - Jorge Larrosa Bondía

des, segue um trecho do artigo “Notas sobre a experiência e o saber de experiência” do Jorge Larrosa Bondía. Para mim ele possui relação com a cena da quebradeira do nosso espetáculo. O olhar é permitir-se às novas experiências, para isso acredito também que este sujeito é tombado e caído. Advêm novamente aquela frase do Nazareno na minha mente: Morro todos os dias e por isso que estou vivo.
Bjss e t+. Yiuki


[...] fazer uma experiência com algo significa que algo nos acontece, nos alcança; que se apodera de nós, que nos tomba e nos transforma. Quando falamos em “fazer” uma experiência, isso não significa precisamente que nós a façamos acontecer, “fazer” significa aqui: sofrer, padecer, tomar o que nos alcança receptivamente, aceitar, à medida que nos submetemos a algo. Fazer uma experiência quer dizer, portanto, deixar-nos abordar em nós próprios pelo que nos interpela, entrando e submetendo-nos a isso. Podemos ser assim transformados por tais experiências, de um dia para o outro ou no transcurso do tempo.  (Heidegger)


O sujeito da experiência, se repassarmos pelos verbos que Heidegger usa neste parágrafo, é um sujeito alcançado, tombado, derrubado. Não um sujeito que permanece sempre em pé, ereto, erguido e seguro de si mesmo; não um sujeito que alcança aquilo que se propõe ou que se apodera daquilo que quer; não um sujeito definido por seus sucessos ou por seus poderes, mas um sujeito que perde seus poderes precisamente porque aquilo de que faz experiência dele se apodera. Em contrapartida, o sujeito da experiência é também um sujeito sofredor, padecente, receptivo, aceitante, interpelado, submetido. Seu contrário, o sujeito incapaz de experiência, seria um sujeito firme, forte, impávido, inatingível, erguido, anestesiado, apático, autodeterminado, definido por seu saber, por seu poder e por sua vontade.  Jorge Larrosa Bondía

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Solilóquio

Hoje eu me desfaço de idéias arraigadas.
Também rejeito idéias na bandeja.
Não quero me perder em meio às letras
E nem tampouco nos livros me achar.
Hoje eu quero intuir e não pensar.
Hoje eu quero ter a mente terna e calma.
Vou abrir as janelas da minh'alma
E simplesmente acolher
O sopro que nela entrar.
Sonia Lodiferle

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Dissolvendo a superfície do corpo.

Des, segue as anotações do livro O Dragão Pousou no Espaço do Lula Wanderley da Editora Rocco que a Cíntia Ribas me passou e que relacionou com o nosso espetáculo Feche os olhos para Olhar.
Palavras chaves: Corpo-imagem, toque-corpo, linguagem visual tátil, superfície é a parte externa de um corpo, matemática topológica de o “n” dimensões.
Corpo: É também a vivência de como o habitamos; como expressamos esse habitar sobre a forma de superfície: a imagem do corpo.
Objeto Relacional: a comunicaoção com o corpo não é feita pela delineação sensorial da forma, mas por algo vago vivido pelo corpo que dissolve a noção de superfície, e faz com que o objeto encontre significado em um “dentro imaginário do corpo”. Quebra-se ai a fronteira imaginária entre corpo e o objeto.
Palavragesto: As palavras não tem dono. [cidade: origem e destino] [geografia do corpo coletivo]
Cintia Ribas, muito obrigado pelo carinho.

sábado, 23 de outubro de 2010

olá des. O Ronie nos enviou esse presente.
maravilhoso!


Aprender a pensar é descobrir o olhar
Márcia Tiburi


A diferença entre ver e olhar é tanto uma distinção semântica que se torna importante em nossos sofisticados jogos de linguagem tomados da tarefa de compreender a condição humana – e, nela, especialmente as artes –, quanto um lugar comum de nossa experiência. Basta pensar um pouco e a diferença das palavras, uma diferença de significantes, pode revelar uma diferença em nossos gestos, ações e comportamentos. Nossa cultura visual é vasta e rica, entretanto, estamos submetidos a um mundo de imagens que muitas vezes não entendemos e, por isso, podemos dizer que vemos e não vemos, olhamos e não olhamos. O tema ver-olhar – antigo como a filosofia e a arte – torna- se cada vez mais fundamental no mundo das artes e estas o território por excelência de seu exercício. Mas se as artes nos ensinam a ver – olhar, é porque nos possibilitam camuflagens e ocultamentos. Só podemos ver quando aprendemos que algo não está à mostra e podemos sabê-lo. Portanto, para ver olhar, é preciso pensar.

Ver está implicado ao sentido físico da visão. Costumamos, todavia, usar a expressão olhar para afirmar uma outra complexidade do ver. Quando chamo alguém para olhar algo espero dele uma atenção estética, demorada e contemplativa, enquanto ao esperar que alguém veja algo, a expectativa se dirige à visualização, ainda que curiosa, sem que se espere dele o aspecto contemplativo. Ver é reto, olhar é sinuoso. Ver é sintético, olhar é analítico. Ver é imediato, olhar é mediado. A imediaticidade do ver torna-o um evento objetivo. Vê-se um fantasma, mas não se olha um fantasma. Vemos televisão, enquanto olhamos uma paisagem, uma pintura.

A lentidão é do olhar, a rapidez é própria ao ver. O olhar é feito de mediações próprias à temporalidade. Ele sempre se dá no tempo, mesmo que nos remeta a um além do tempo. Ver, todavia, não nos dá a medida de nenhuma temporalidade, tal o modo instantâneo com que o realizamos. Ver não nos faz pensar, ver nos choca ou nem sequer nos atinge. As mediações do olhar, por sua vez, colocam-no no registro do corpo: no olhar – ao olhar - vejo algo, mas já vitimado por tudo o que atrapalha minha atenção retirando-a da espécie sintética do ver e registrando- a num gesto analítico que me faz passear por entre estilhaços e fragmentos a compor – em algum momento – um todo. O olhar mostra que não é fácil ver e que é preciso ver, ainda que pareça impossível, pois no olhar o objeto visto aparece em seus estilhaços de ser e só com muito custo é que se recupera para ele a síntese que nos possibilita reconstruir o objeto. É como se depois de ver fosse necessário olhar, para então, novamente ver. Há, assim, uma dinâmica, um movimento - podemos dizer - um ritmo em um processo de olhar-ver. Ver e olhar se complementam, são dois movimentos do mesmo gesto que envolve sensibilidade e atenção.

O olhar diz-nos que não temos o objeto e, todavia, nos dispõe no esforço de reconstituí-lo. O olhar nos faz perder o objeto que visto parecia capturado. Para que reconstituí-lo? Para realmente captura-lo. Mas essa captura que se dá no olhar é dialética: perder e reencontrar são os momentos tensos no jogo da visão. Há, entretanto, ainda outro motivo para buscar reconstruir o objeto do olhar: para não perder além do objeto, eu mesmo, que nasço, como sujeito, do objeto que contemplo – construo enquanto contemplo. Olhar é também uma questão de sobrevivência. Ver, por sua vez, nos liberta de saber e pode nos libertar de ser. Se o olhar precisa do pensamento e ver abdica dele, podemos dizer que o sujeito que olha existe, enquanto que o sujeito que vê, não necessariamente existe. Penso, logo existo: olho, logo existo. Eis uma formulação para nosso problema.

Mas se não existo pelo ver, não estou implicado por ele nem à vida, nem à morte. Ver nos distancia da morte, olhar nos relaciona a ela. O saber que advém do olhar é sempre uma informação sobre a morte. A morte é a imagem. A imagem é, antes, a morte. Ver não me diz nada sobre a morte, é apenas um primeiro momento. Ver é um nascimento, é primeiro. O olhar é a ruminação do ver: sua experiência alongada no tempo e no espaço e que, por isso, nos instaura em outra consistência de ser. Por isso, nossa cultura hipervisual dirige-se ao avanço das tecnologias do ver, mas não do olhar. É natural que venhamos a desenvolver uma relação de mercadoria com os objetos visualizáveis e visíveis. O olhar implica, de sua parte, o invisível do objeto: a coisa. Ele nos lança na experiência metafísica. Desarvoranos a perspectiva, perturba-nos. Por isso o evitamos. Todavia, ainda que a mediação implicada no olhar faça dele um acontecimento esparso, pois o olhar exige que se passeie na imagem e esse passear na imagem traça a correspondência ao que não é visto, é o olhar que nos devolve ao objeto – mas não nos devolve o objeto - não sem antes dar-nos sua presença angustiada.

O olhar está, em se tratando do uso filosófico do conceito, ligado à contemplação, termo que usamos para traduzir a expressão Theorein, o ato do pensamento de teor contemplativo, ou seja, o pensar que se dá no gesto primeiro da atenção às coisas até a visão das idéias tal como se vê na filosofia platônica. Paul Valéry disse que uma obra de arte deveria nos ensinar que não vimos aquilo que vemos. Que ver é não ver. Dirá Lacan: ver é perder. Perder algo do objeto, algo do que contemplamos, por que jamais podemos contemplar o todo. O que se mostra só se mostra por que não o vemos. Neste processo está implicado o que podemos chamar o silêncio da visão: abrimo-nos à experiência do olhar no momento em que o objeto nos impede de ver. Uma obra de arte não nos deixa ver. Ela nos faz pensar. Então, olhamos para ela e vemos.




Artigo originalmente publicado pelo Jornal do Margs, edição 103 (setembro/outubro).
http://www.artenaescola.org.br/pesquise_artigos
beijos
Cintia Napoli

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Estréia: Feche os olhos para Olhar

Espetáculo de dança contemporânea
desCompanhia de dança
Teatro Cleon Jacques | 21 de outubro a 21 de novembro
quinta a sábado - 20h | domingo - 19h
Rua Mateus Leme, 4.700 | Parque São Lourenço, Curitiba - Pr
ENTRADA FRANCA
Feche os olhos para Olhar

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Ensaio aberto: Feche os olhos para Olhar

Depois de mais de um ano pesquisando, enfim ensaio aberto para mostrar o nosso trabalho. Segue a divulgação do ensaio aberto. Também abaixo dele se encontra o texto da divulgação que saiu no Parana-online.
Observação: O nome do projeto é A Poética do Olhar, mas o espétáculo se chama Feche os olhos para Olhar.

desCompanhia de dança investiga o olhar em novo espetáculo:

O atual espetáculo da desCompanhia de dança feche os olhos para Olhar, mais que uma reflexão é uma construção viva sobre o olhar que vai se revelando através de uma organização espontânea. Assim como uma espécie de jogo o espetáculo é uma experiência em tempo real, traz um sentimento de estranheza, devolvendo na mesma proporção um estado de atenção, um olhar de espanto, um olhar de coisa nova.
Trata-se do olhar que se faz no toque, na relação, nos sentidos e acima de tudo na percepção. O olhar em questão é o ver que se abre para as qualidades dos outros sentidos. O que olho quando vejo? Onde está seu olhar nesse instante? Estas questões estão presentes no espetáculo não para serem respondidas, mas para se tornarem realmente vivas para cada um de nós. Uma presença orgânica nascida da percepção do momento.
O interesse pelo olhar nos proporcionou uma grande aventura por vários universos; da literatura explorando a poesia de Sergio Fingermann e de Alberto Caeiro, da filosofia mergulhando de corpo e alma nas obras de José Gil, Merleau Ponty e Georges Didi Hubermann, das artes plásticas refletindo sobre apreensões nas obras de Cézanne e Paul Klee. E é para compartilhar essa aventura que a desCompanhia de dança convida o público a fechar os olhos para olhar.

Serviço:

INGRESSO: Gratuito

DATAS:
• 02, 03 e 15 de Outubro de 2010:
Ensaio aberto
• 21 de Outubro a 21 de Novembro de 2010: Temporada

HORÁRIOS:
 
• Ensaio aberto: 02 e 03 de outubro (sábado - 20h e domingo - 19h), 15 de outubro (sexta - 20h)
• Temporada: 21 de outubro a 21 de novembro (quinta a sábado - 20h e domingo - 19h)

LOCAL: Teatro Cleon Jacques - R. Mateus Lemes, n°4700. (ao lado do Parque São Lourenço)

INFORMAÇÕES: (41) 33137191 / 96018553

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

feche os olhos para Olhar

Estamos nós mais uma vez nesse momento tão esperado que é o compartilhar nosso trabalho com o público. E como trabalhamos! como nos comprometemos! e com tanta paixão e respeito. Parabéns pra todos nós. Agora pra manter o olhar vivo, presente e sincero, eu peço que rezem todos os dias essa oração:

A experiência, a possibilidade de que algo nos acontece ou nos toque, requer um gesto de interrupção, um gesto que é quase impossível nos tempos que correm: requer parar para pensar, parar para olhar, parar para escutar, pensar mais devagar, olhar mais devagar, e escutar mais devagar, parar para sentir, sentir mais devagar, demorar-se nos detalhes, suspender a opinião, suspender o juízo, suspender a vontade, suspender o automatismo da ação, cultivar a atenção e a delicadeza, abrir os olhos e os ouvidos, falar sobre o que nos acontece, aprender a lentidão, escutar aos outros, cultivar a arte do encontro, calar muito, ter paciência e dar-se tempo e espaço. ( Jorge Larrosa Bondía )
e assim seja
sucesso para a nossa temporada
um grande beijo
Cintia Napoli

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

gente viva é isso

No dia 21 de setembro de 2010, nosso amigo-parceiro-artista-criador Alexandre Zampier foi assistir o ensaio do nosso espetáculo (que agora tem nome!) "feche os olhos para Olhar". Suas anotações sobre este ensaio são de extrema sensibilidade e generosidade. Portanto, decidimos compartilhá-las aqui no blog. O assunto da postagem é o mesmo que ele próprio me enviou por e-mail. Então, aí vai:


intimidade através do movimento silencio
a unica fala é o respiro
respiração conduz a um beijo interior
meu coração esta aqui como um sonho lúcido
todo sentido te desnudar dançando
fico corpo teu a dançar com meus olhos fechados
poesia é amor
nossa historia de sentimentos
ofega teu coração na minha cara
o arfar molhado com costelas inchadas
bicos e olhos longe
nosso olhar é anterior a vontade
eu estou aqui
e quando abre a porta
entra o frio
o fim se aproxima
amor começar tudo de novo

terça-feira, 21 de setembro de 2010

sobre a presença

Trechos do livro A Porta Aberta, de Peter Brook:

"Se o momento presente for acolhido de modo particularmente intenso (...) a fugidia centelha da vida pode despontar no som certo, no gesto certo, no olhar e na reação certas. Assim, em mil formas totalmente inesperadas, o invisível pode aparecer. Quem anseia pelo sagrado deve procurar com atenção."

"O sagrado é uma transformação qualitativa do que originalmente não era sagrado. O teatro baseia-se em relações entre seres humanos que, por serem humanos, não são sagrados por definição. A vida de um ser humano é o visível através do qual o invisível pode aparecer."

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Silêncio da visão

“O olhar está, em se tratando do uso filosófico do conceito, ligado à contemplação, termo que usamos para traduzir a expressão Theorein, o ato do pensamento de teor contemplativo, ou seja, o pensar que se dá no gesto primeiro da atenção às coisas até a visão das idéias tal como se vê na filosofia platônica. Paul Valéry disse que uma obra de arte deveria nos ensinar que não vimos aquilo que vemos. Que ver é não ver. Dirá Lacan: ver é perder. Perder algo do objeto, algo do que contemplamos, por que jamais podemos contemplar o todo. O que se mostra só se mostra por que não o vemos. Neste processo está implicado o que podemos chamar o silêncio da visão: abrimo-nos à experiência do olhar no momento em que o objeto nos impede de ver.
Uma obra de arte não nos deixa ver. Ela nos faz pensar. Então,
olhamos para ela e vemos.” (TIBURI, 2008)

O ator consegue prender a atenção do espectador quando ele tem a capacidade de criar um espaço vazio.

Peter Brook em seu livro A porta aberta fala que “para se ter teatro, basta apenas existir um espaço vazio, alguém transitar por ele e alguém observar”. Para Peter, o ator consegue prender a atenção do espectador quando ele tem a capacidade de criar um espaço vazio, que é a capacidade do ator em levar o público à outra dimensão, um estado transitório que o ator deve estar em sintonia com a platéia e com a incorporação do personagem, ele deve ter a capacidade de levar o público a sair de seus mundos particulares e entrar na história da peça, imaginar estar em outro lugar. O ator deve estar em meio a duas dimensões, a da vida real, onde as pessoas a qualquer momento podem se desligar; e o mundo da imaginação da peça a qual ele esta atuando. Você ver o que você quer ver, se você não focar sua atenção para algo, várias coisas podem não serem observadas. É o olhar e ver.
Justino Batista Pereira Neto
Departamento de Comunicação Social – UFRN
Retirado do artigo O ESPAÇO VAZIO, A VISÃO E A CÂMERA
Para ver o texto na integra clicar aqui.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Efemeridade das coisas…

Às vezes sinto que as soluções que estão externa da gente é frágil demais. Mas também eu percebo que aquilo que está fora da gente é prazeroso de descobertas e aprendizados. Talvez o segredo não é o que está fora da gente, e sim, a relação que temos do interno para o externo. Porque as coisas externas morrem, eu morro. E o que pode ser renascida e reconfigurada são as relações.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Pensar é estar doente dos olhos

Trechos da obra "O guardador de rebanhos" de Alberto Caeiro, heterônimo de Fernando Pessoa. Acho que temos aqui muitas respostas para as nossas questões sobre a presença que desejamos construir para o espetáculo. Belíssimo!

II - O Meu Olhar

O meu olhar é nítido como um girassol.
Tenho o costume de andar pelas estradas
Olhando para a direita e para a esquerda,
E de, vez em quando olhando para trás...
E o que vejo a cada momento
É aquilo que nunca antes eu tinha visto,
E eu sei dar por isso muito bem...
Sei ter o pasmo essencial
Que tem uma criança se, ao nascer,
Reparasse que nascera deveras...
Sinto-me nascido a cada momento
Para a eterna novidade do Mundo...
Creio no mundo como num malmequer,
Porque o vejo.Mas não penso nele
Porque pensar é não compreender ...
O Mundo não se fez para pensarmos nele
(Pensar é estar doente dos olhos)
Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo...
Eu não tenho filosofia: tenho sentidos...
Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,
Mas porque a amo, e amo-a por isso,
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe por que ama, nem o que é amar ...
Amar é a eterna inocência,
E a única inocência não pensar...

XXIV - O que Nós Vemos

O que nós vemos das cousas são as cousas.
Por que veríamos nós uma cousa se houvesse outra?
Por que é que ver e ouvir seria iludirmo-nos
Se ver e ouvir são ver e ouvir?
O essencial é saber ver,
Saber ver sem estar a pensar,
Saber ver quando se vê,
E nem pensar quando se vê
Nem ver quando se pensa.
Mas isso (tristes de nós que trazemos a alma vestida!),
Isso exige um estudo profundo,
Uma aprendizagem de desaprender
E uma seqüestração na liberdade daquele convento
De que os poetas dizem que as estrelas são as freiras eternas
E as flores as penitentes convictas de um só dia,
Mas onde afinal as estrelas não são senão estrelas
Nem as flores senão flores.
Sendo por isso que lhes chamamos estrelas e flores.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Natureza da reciprocidade da visão - John Berger

Logo depois de podermos ver, nos damos conta de que podemos também ser vistos. O olho do outro combina com o nosso próprio olho, de modo a tornar inteiramente confiável que somos parte do mundo visível.
Se aceitarmos qeu podemos ver aquele morro ao longe, estamos propondo que daquele morro podemos ser vistos. A natureza da reciprocidade da visão é mais fundamental do que a do diálogo falado. E com frequência o diálogo é uma tentativa de verbalizar isso… uma tentativa de explicar como, quer metaforica ou literalmente, “você vê as coisas”, e uma tentativa de descobrir como “ele vê as coisas”.
John Berger – Modos de Ver - Tradução: Lúcia Olinto (J. Berger, Ways of Seeing. London: BBC 1972, p. 7)

Olhar é um ato de escolha - John Berger

“Só vemos aquilo que olhamos. Olhar é um ato de escolha. Como resultado dessa escolha, aquilo que vemos é trazido para o âmbito do nosso alcance – ainda que não necessariamente ao alcance da mão. Tocar alguma coisa é situar-se em relação a ela. […]. Nunca olhamos para uma coisa apenas; estamos sempre olhando para a relação entre as coisas e nós mesmos. Nossa visão está continuamente ativa, continuamente em movimento, continuamente captando coisas num círculo à sua própria volta, constituindo aquilo presente para nós do modo como estamos situados.”
John Berger – Modos de Ver - Tradução: Lúcia Olinto (J. Berger, Ways of Seeing. London: BBC 1972, p. 7)
P.S. Aquilo que não conseguimos ligar os pontos (relacionar) não enxergamos. Yiuki

Ver precede as palavras - John Berger

“Ver precede as palavras. A criança olha e reconhece, antes mesmo de poder falar.
Mas existe ainda outro sentido no qual ver precede as palavras: o ato de ver que estabelece nosso lugar no mundo circundante. Explicamos esse mundo com as palavras, mas as palavras nunca poderão desfazer o fato de estarmos por ele circundados. A relação entre o que vemos e o que sabemos nunca fica estabelecida. A cada tarde, vemos,  o Sol se pôr. Sabemos que a Terra está se movimentando no sentido de afastar dele. No entanto, o conhecimento, a explicação quase nunca combinam com a cena.”
John Berger – Modos de Ver - Tradução: Lúcia Olinto (J. Berger, Ways of Seeing. London: BBC 1972, p. 7)

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Sobre o chá. Sobre descondicionamento.

Como ver melhor o entorno?
desacelerando o passo (alteração do tempo), distendendo o gesto (zoom), dilatando as pupilas (dar atenção) dos que, as vezes, usam tapa-olhos imaginários. (trecho da critica de Carlinhos Santos do evento Interação e Conectividade IV)

Alteração do tempo, zoom e atenção, são minhas anotações. Acredito que são elementos importantes para nossa discussão. Vi nesse trecho aquilo que procuramos entender na cena do chá.

beijos Cintia Napoli

Tradução: "Weird Fishes/Arpeggi" - RadioHead

Nossa, fiquei curioso em saber a letra da música da cena do transporte e fui pesquisar. Que lindo!!!
Amei!   Yiuki http://letras.terra.com.br/radiohead/1100758/traducao.html

“Peixes Estranhos/Arpejo” - RadioHead

No mais profundo oceano
No fundo do mar
Seus olhos,
Eles me deixam...
Por que eu deveria permanecer aqui?
Por que eu deveria permanecer?
Eu seria louco em não seguir
Seguir suas instruções
Seus olhos,
Eles me deixam...
Despertam-me para fantasmas
Eu sigo para a borda da terra
E diminuo
Todos partem
Se eles têm a chance
E essa é a minha chance
eu fui devorado por minhocas
peixes estranhos...
trazidos à superfície abocanhados por minhocas
peixes estranhos...
peixes estranhos...
peixes estranhos...
eu tocarei o fundo!
eu tocarei o fundo e escaparei!
escaparei!
eu tocarei o fundo!
eu tocarei o fundo e escaparei!
escaparei!

“Weird Fishes/Arpeggi” -

In the deepest ocean
The bottom of the sea
Your eyes
They turn me
Why should I stay here?
Why should I stay?
I'd be crazy not to follow
Follow where you lead
Your eyes
They turn me
Turn me on to phantoms
I follow to the edge of the earth
And fall off
Everybody leaves
If they get the chance
And this is my chance
I get eaten by the worms
Weird fishes
Get towed by the worms
Weird fishes
Weird fishes
Weird fishes
I'll hit the bottom
Hit the bottom and escape
Escape
I'll hit the bottom
Hit the bottom and escape
Escape

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Morro todos os dias…

“Eu morro todos os dias e por isso que eu vivo.” Nazareno
Adoro a frase acima, creio que o olhar tem muito haver com a morte. Precisamos morrer a todo momento para que outros universos se iluminem. Yiuki

Corrente de energia

Só podemos estar em harmonia com o todo, no dia que percebemos que somos canais de energias e que nessas passagens possuímos o poder de mudá-las. Somos canais das emoções, matérias e de conhecimentos. Tudo que chega uma hora precisa ser repassado para frente. O egoísmo aprisiona a energia e nós faz mal, pois ela foi feito para circular. Nós, seres humanos, possuímos o livre arbítrio de mudar o percurso e a forma das energias quando compreendemos as regras universais e divinas. Toda ansiedade e a dor nascem quando não aceitamos esse aprendizado. Yiuki

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Enxergar o ser humano antes de tudo

Antes ser um bailarino profissional, sou amante da cultura.
Antes disso, um filósofo, um civil, um homem; e acima de tudo um ser humano. Aprendi que precisamos ver o ser humano que está atrás de todas as qualificações de uma pessoa (status, conhecimento, dinheiro e beleza).
P.S.¹ Como diz meu professor de filosofia da Nova Acrópole: Enxergar no mendigo o humano existente nele.
P.S.² Precisamos ser uma boa pessoa para sermos um ótimo profissional.

domingo, 15 de agosto de 2010

Escutar

Escutar é entrar no ritmo e movimento da razão e do coração dos demais. Délia Steinberg Guzmán
Oi des!
Uma pequena reflexão sobre intervenção urbana. Se vocês tiverem outras colocações, serão bem-vindas.

Por meio do uso de práticas que se confundem com as da sinalização urbana, da publicidade popular, dos movimentos de massa ou das tarefas cotidianas, o artista através da intervenção urbana pretende abrir na paisagem pequenas trilhas que permitam escoar e dissolver o insuportável peso de um presente cada vez mais opaco e complexo. Mais do que marcos espaciais, a intervenção urbana estabelece marcas de corte. Particulariza lugares e, por decupagem, recria paisagens.

beijos
Cintia Napoli

domingo, 8 de agosto de 2010

uma frase sobre um olhar,
bjos!

Mas antes dele Leonardo da Vinci, entre a ciência e a arte, entre a anatomia e a pintura, dizia que a natureza era a maior das mestras, aquela que nos ensinaria tudo desde que soubéssemos olhar para ela. O aprendizado do olhar é uma forma de desenvolvimento da sensibilidade, mais do que uma mera técnica.

Obs:
foi enviado pela Edith para a desCompanhia

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Olá des.

Olhem só como isso tem a ver com o nosso jogo.



"Não interessa por onde você começa. Qualquer coisa pode ser um ponto de partida no teatro - um gesto, uma idéia, uma música, uma linha de diálogo.

O que nos interessa é o passo seguinte: como encontrar a força de oposição, o conflito, a tensão.

Se alguém está sentado numa cadeira, a cena, o ato, a peça será sobre como tirá-lo da cadeira. Que força, que persuasão, que súplicas, que seduções, que subornos serão fortes o suficiente para fazer aquela pessoa sair daquela cadeira?

Uma vez que a força de oposição esteja estabelecida, o teatro começa. A platéia quer saber o que vai acontecer e por que. A questão 'o que vai acontecer?' irá envolvê-los enquanto a performance estiver em andamento. A questão 'por que aconteceu?' irá envolvê-los bem depois."

Stephen Jeffreys (dramaturgo inglês)
(da apostila "The Creative Process" do grupo inglês Complicite - www.complicite.org)




Trata-se dos objetivos e estratégias que a gente tanto fala.
beijos
Cintia Napoli

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Chá.


alguns achados da minha pesquisa sobre o CHÁ.
é de um livro chamado "Mitos e Lendas do Japão" F.HADLAND DAVIS seleção e Tradução CECÍLIA CASAS.

lá vai...
" oportunidade de usufruir de uma meditação tranquila..."

O chá na China
"Era considerada uma excelente loção para fortalecer os olhos e sobretudo tinha o poder de acabar com o cansaço, fortificar a vontade e alegrar a alma."

Luwuh e o "chaking"
" como profunda percepção poética que a cerimônia do chá contribuía para a harmonia e a ordem na vida diária."

A cerimônia japonesa do chá.
" o hospedeiro entrava e ouvia-se a água ferver na chaleira com um som musical, provocado por alguns pedaços de ferro nela contidos. Mesmo a fervura da água na chaleira estava associada a ideias poéticas, pois pretendia-se que o canto da água e do metal sugeria "o eco de uma catarata envolta em nuvens, de ondas quebrando nos rochedos, do ímpeto de uma tormenta sobre uma floresta de bambu ou do murmúrio dos ramos dos pinheiros numa colina distante". Havia um senso de harmonia no salão de chá. A luz que o iluminava era suave como a luz do entardecer..."

é isso ai minha gente, vamos que vamos na pesquisa.... bjs


terça-feira, 3 de agosto de 2010

O outro…

"O outro é você mesmo em um mundo diferente. Olhe-o com apreciação profunda"  (Lama Padma Samten)

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Círculo de potencialidade - Michel Echenique

Des, compartilho um aprendizado meu lá da Nova Acrópole, afinal podemos ler os itens do diagrama com a seguinte analogia:
  • Olhar ativo (discernimento)
  • Olhar receptivo (atenção)
  • Olhar imagético (futuro)
  • Olhar da memória (passado)
Centro de Potencialidade 2

quinta-feira, 22 de julho de 2010

O olhar através da gelatina

do capítulo - O caos irisado: interior e exterior
A IMAGEM-NUA E AS PEQUENAS PERCEPÇÕES - JOSÉ GIL

dizia Cézanne: as cores remetem sempre para o interior, não só para as primeiras formações do dentro, mas para os movimentos das emoções, para a alegria, para o medo, para a tristeza, para a ternura. A alegria das cores representa uma expansão do espaço interior: é esse movimento de expansão, porque adere também aos mais arcaicos movimentos do espaço indiferenciado das cores da infância.
...Uma inerência do nome à cor que faria ressoar nele as associações mais arcaicas das cores com os afetos, com os movimentos do corpo, com o espaço interior. Daí, talvez, esses "pensamentos coloridos" caros a Malevitch, e as "cores faladas" de Duchamp. Eis por fim a razão de a cor estar acima de tudo ligada à infância. A jubilação da criança que brinca com as cores vem do fato de elas misturarem o interior e o exterior.

domingo, 11 de julho de 2010

Impressões de Christianne Galdino sobre Como risco em papel

Peço licença para Marcela Reichelt e Christianne Galdino para postar essa matéria, mas é isso mesmo, como Christianne mesmo diz a leitura do espetáculo Como risco em papel se acende cada vez mais na nossa sensibilidade e na nossa imaginação.


MARCELA REICHELT E AS ESCRITAS DO CORPO

Christianne Galdino


Como risco em papel / Foto: Tiago Lima

Escuro completo e um aparente vazio. Mas algo está acontecendo no palco. Ela está dançando no escuro mesmo… Ouvimos o movimento, sentimos a dança respirando, antes mesmo de podermos distinguir nitidamente qualquer imagem. Escolhendo essa cena como início, Marcela Reichelt aciona em nós uma outra percepção, como se desejasse inaugurar uma forma diferenciada de nos relacionarmos com a arte, como se quisesse ativar em nós outra visão. A sensação é de estarmos imersos em uma escuridão absoluta, que vai abrindo brechas e revelando fragmentos de um corpo em movimento dançando para si mesmo. Talvez a ambiência criada, e essa postura da intérprete, que parece ignorar a presença do público, emprestem aos momentos iniciais de Como risco em papel características de voyeurismo e um caráter sensual, que se repete em várias cenas. Pelas frestas, enxergamos trechos da escrita corporal de Marcela, e abrem-se imediatamente muitas janelas de leitura. Como um trailer de filme e as orelhas das publicações, a artista apresenta-se em flashes, construindo uma sucessão de imagens marcantes, que transbordam força poética com uma sutileza desconcertante. A trilha sonora, uma criação primorosa de Diogo de Haro, surge com ar de música incidental, ajudando a criar pontes com o filme de Peter Greenaway, O Livro de cabeceira, que inspirou este segundo trabalho da bailarina Marcela Reichelt, agora na missão de intérprete-criadora.

Uma aproximação visível com as artes visuais aparece em todo momento, seja nos desenhos coreográficos majoritariamente imagéticos, seja na presença de certos objetos cênicos e dos vídeos que são exibidos na performance. Porém, as cenas projetadas soam como capítulos à parte, guardam pouca relação com as partituras de movimento apresentadas por Marcela Reichelt, funcionando como complemento, algumas vezes, mas mostrando sempre uma trajetória autônoma. É como se dois espetáculos se intercalassem, e dialogassem em alguns momentos, porém cada um permanecesse no seu lugar. Mas ainda que se perca um pouco do ritmo da cena durante a exibição dos vídeos (principalmente no caso do vídeo que apresenta uma longa performance de rua de um bailarino), a dança escrita por Marcela, as falas do seu corpo se fixam na memória com um poder encantador tamanho que apagam qualquer possível descompasso. É difícil permanecer inerte, alheio diante do encontro com o corpo nu visceral de Marcela transmutado em bicho, em papel, gritando lentamente e em silêncio, a fusão entre corpo e escrita, e as tantas questões aí atravessadas. Mesmo quando a cena final tenta devolver a artista à escuridão absoluta do início, como se tudo e inclusive a identidade e as vivências impressas no corpo pudessem ser apagadas, a imagem daquele banho de noite se agiganta e se acende cada vez mais na nossa sensibilidade e na nossa imaginação. E dali não deve sair por um bom tempo. Delicadeza, mistério, sensualidade, enigma, oriental, ternura, feminino: são alguns termos que poderíamos utilizar se fosse possível traduzir em palavras Como risco em papel

beijos
Cintia Napoli

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Eu ausente eu presente

Cintia,  deixarei postado o vídeo que envistes via e-mail, pois acredito que é ótimo para nosso registro. Colocarei somente uma delas, pois os demais é facil de procurar por ser do mesmo autor.

domingo, 4 de julho de 2010

Sobre importâncias – Manuel de Barros

Um fotógrafo-artista me disse outra vez: veja que pingo de sol no couro de um lagarto é para nós mais importante do que o sol inteiro no corpo do mar. Falou mais: que a importância de uma coisa não se mede com fita métrica nem com balanças nem com barômetros etc. Que a importância de uma coisa há que ser medida pelo encantamento que a coisa produza em nós. Assim um passarinho nas mãos de uma criança é mais importante para ela do que a Cordilheira dos Andes. Que um osso é mais importante para o cachorro do que uma pedra de diamante. E um dente de macaco da era terciária é mais importante para os arqueólogos do que a Torre Eifel. (Veja que só um dente de macaco!) Que uma boneca de trapos que abre e fecha os olhinhos azuis nas mãos de uma criança é mais importante para ela do que o Empire State Building. Que o cu de uma formiga é mais importante para o poeta do que uma Usina Nuclear. Sem precisar medir o ânus da formiga.  Que o canto das águas e das rãs nas pedras é mais importante para os músicos do que os ruídos dos motores da Fórmula 1. Há um desagero em mim de aceitar essas medidas. Porém não sei se isso é um defeito do olho ou da razão. Se é defeito da alma ou do corpo. Se fizerem algum exame mental em mim por tais julgamentos, vão encontrar que eu gosto mais de conversar sobre restos de comida com as moscas do que com homens doutos.
Manoel de Barros – Memórias Inventadas: a segunda infância.

Mecanicidade e a rotina podem nos cegar

“Ao fim de algum tempo descobriu que cada membro da familia repetia todos os dias, sem notar, os mesmos percursos, os mesmos atos, e que quase repetia as mesmas palavras às mesmas horas. Só quando saiam dessa meticulosa rotina é que corriam o risco de perder alguma coisa.” (Gabriel Garcia Marques - Cem anos de solidão)

Resignificar a arquitetura, os objetos e a própria dança

Às vezes uma chaleira pode ser um vaso de flores. A gravata nem sempre é estética, muitas vezes nos enforca. Também questiono-me como nossos movimentos corporais podem ser resignificados para o público e para quem está dançando.

sábado, 3 de julho de 2010

esse OLHAR que me intriga...

olá des!!!
às vezes nos prendemos aos nossos olhares então fuçando o meu olhar na Net olha o que encontrei...

"Ver muito lucidamente prejudica o sentir demasiado. E os gregos viam muito lucidamente, por isso pouco sentiam. De aí a sua perfeita execução da obra de arte." Fernando Pessoa

nossa e agora o que pensar?

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Indiferença

Ver-se ignorado pelo olhar do outro é doloroso, a indiferença às vezes é pior do que um grito de PQP.

Mascaras

Ontem vi um vídeo meio silencioso e irônico onde existiam várias pessoas no quotidiano usando mascaras de festa de criança (palhaço, princesa, personagens famosos, etc.). Em certo momento uma moça dava risadas dizendo: Você pode tudo com a máscara, meu bem.
Depois do vídeo, lembrei da palavra personalidade que é oriundo da palavra personas que eram as mascaras que os gregos usavam nos teatros.
- Qual mascara usei na primeira vez que ti vi?
- Qual mascara uso quando estou de roupa social?
- Quando sorrio, estou sorrindo por dentro?
P.S.  Encontrei o vídeo novamente, segue ele.  Agora que vi, tinha somente dois tipos de máscaras. Rsss. Yiuki

quarta-feira, 30 de junho de 2010

terça-feira, 29 de junho de 2010

Intervenção urbana

Des, posto esse vido da Nova Dança 4
Sei que vocês já devem ter visto, mas é incrível a percepção entre eles, espaço e com as pessoas ao redor. Que olhar é esse, como chego nele? Bom, um dia de cada, quando crescer quero ser assim ;)

O que você vê nas nuvens?

skydogbark1109_800x527coração
pato
Mais fotos clicar aqui.

A Lua me segue

Quando criança achava que a Lua me seguia. Às vezes corria para escapar dela. Outra hora, eu mudava de direção fazendo um Oleeee e achava engraçado, pois ela não desistia de mim. Com o tempo tinha esquecido disso... No sábado passado, andando sob a lua cheia, recordei que ela me segue até hoje. Yiuki

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Sem-fundo da alma

O olhar escava a visão. A vista é o único sentido que adquire assim uma profundidade interna: o olhar reenvia para o interior do corpo (como para o sem-fundo da alma). A profundidade do tato depressa se torna superfície; a profundidade do ouvido não existe enquanto tal, mas apenas enquanto engendramento de uma superfície interna, ou de um espaço volumétrico - ambos limitados; a profundidade do olfato dissolve-se no difuso; a do gosto, esgota-se na assimilação do corpo. Só a vista, através do olhar, penetra até a um sem-fundo.

Olhar e Visão - José Gil

Que pensate de mi la primera vez que me viste?

Gargalhada Bebê

des, segue o vídeo que comentei hoje no ensaio. Gosto de pensar que mundo é esse que um dia fizemos parte. Será que perdemos esse olhar de bebê ou de criança?

 

Olhar e ver – por Jaime Wagner

A seguir deixo um texto que encontrei na internet que eu gostei e que fala do mesmo assunto. O link do site original é esse daqui. Yiuki
“A criança olha, o adulto vê. Ver é reconhecer, olhar é captar. Há algo mais atento do que o olhar de uma criança de colo? Atenção pura, percepção pura, puro presente, presença total. "Ao lado disso, o restante da nossa vida parece coisa de segunda mão ou emprestada, algo um tanto sem viço, usado, desgastado", diz André comte-Sponville. Felizes dos que mantêm essa capacidade infantil do olhar atento que se surpreende com o mundo. Pobres dos que aprendem a ver, a selecionar o que faz sentido, o que se enquadra no conhecido, e a descartar o resto.
Para a criança, basta inclinar a cabeça e tudo muda. Porque muda o todo. Encantamento, mágica, fruição da percepção: o novo, o diferente, acolhidos com um sorriso. A criança olha o todo. O detalhe que muda, efetua a mudança do todo. O adulto analisa: uma parte mudou, o resto não. Sabedoria? Ou ignorância dos efeitos holísticos?
Olho e não vejo. Está lá mas não reconheço. Porque minha atenção se volta toda para aquilo que, no olhar, reconheço. O brilho do que vejo ofusca o resto e me cega. Aprender a ver, desaprender a olhar.
Amadurecer. Afirmar. Não ver, por rejeitar. Olhar que não quer ver. Olhar estúpido. Estúpido porque não é amoroso, gentil ou acolhedor. Porque é seletivo, porque rejeita. Olhar militante. Olhar que nega, nega reconhecimento, nega acolhida. Olhar duro, olhar arguto, olhar de rapina: fixo no objetivo.
Envelhecer. Olhar sem ver. Olhar estúpido. Não é que nada reconhece, mas sim que nada o surpreende. Tédio que supõe conhecer tudo ou que não quer conhecer mais nada. Cansaço da surpresa. Enfado de quem não quer mais nada de novo. Rejeição do aprendizado. Vontade de ignorar tudo. Desejo do nada. Vontade de morte.”
Jaime Wagner

Infância - Antoine Saint-Exupéry

“Lembro dos brinquedos de minha infância, do parque sombrio e dourado que havíamos povoado de deuses, do reino sem limites que fundamos naquele quilometro quadrado nunca inteiramente conhecido, inteiramente revolvido. Formávamos uma civilização fechada onde os passos tinham gosto, onde as coisas tinham um sentido que não existia em nenhuma outra. Quando nos fazemos homens e vivemos sob outras leis, que resta daquele parque cheio de sombras da infância, cheio de magia, ardente e gelada! Hoje, quando voltamos ali, caminhamos com uma espécie de desespero, pelo lado de fora, ao longo de seu pequeno muro de pedras cinzenta, admirados de achar fechada em um recinto tão estreito uma província que era nós o infinito, e compreendendo que nesse infinito não entraremos nunca mais. Porque é a infância, e não ao parque, que seria preciso regressar.”
(Página 87, Terra dos Homens – Antoine Saint-Exupéry)

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Máxima Africana

"umuntu ngumuntu ngabantu"
Uma pessoa é uma pessoa através de (outras) pessoas

quinta-feira, 17 de junho de 2010

1° Princípio físico do Nei-kun

des, compartilho com vocês o que estou aprendendo com essa arte marcial encantadora:
“Descondicionando o corpo, mantendo independente e natural a respiração, passificada as emoções, vazia a mente. Complenderás que arte do poder interno é a arte de viver.”
Para tudo que fazemos precisamos do silêncio e do instante vazio. É o local onde tudo pode nascer. O olhar precisa de ESPAÇO no corpo, prana, emoção e na mente para que possa encontrar algo novo no mundo. DES para NASCER a cada instante.
Bjsss.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

O que nos liga

Des, para vcs, com carinho.
Deus mostra sua grandeza pela diversidade, contudo se comunica pelo que há em comum entre todas as coisas. Por isso as respostas que buscamos estão no meio delas. Entre o Alto x Magro, Japonês x Baiano, Natureza x Ciência, Rico x Pobre, Homem x Mulher, Rio x Primavera e entre EU e VOCÊS. Yiuki Doi
P.S. Para CHRiSToPHeR tb.

sábado, 5 de junho de 2010

Oi des.
Vai aí uma indicação de estudo para a nossa pesquisa: A poética do espaço (Gaston Bachelard).
Nesse momento podemos começar por um estudo e uma reflexão individual. Deixem-se contaminar.
beijos
Cintia Napoli

Os sentidos produzem sentidos pela vontade de olhar para o interior das coisas, tornando a visão aguçada, penetrante, pois, ''para além do panorama oferecido à visão tranqüila, a vontade de olhar alia-se a uma imaginação inventiva que prevê uma perspectiva do oculto, uma perspectiva das trevas interiores da matéria''(BACHELARD, 1990, p. 8).

quinta-feira, 27 de maio de 2010

O OUTRO

des, aí vai um Carlos Drummond para iluminar nosso caminho.

O OUTRO

Como decifrar pictogramas de há dez mil anos
se nem sei decifrar
minha escreita interior?

Interrogo signos dúbios
e suas variações calidoscópicas
a cada segundo de observação.

A verdade essencial
é o desconhecido que me habita
e a cada amanhecer me dá um soco.

Por ele sou também observado
com ironia, desprezo, incompreensão.
E assim vivemos, se ao confronto se chama viver,
unidos, impossibilitados de desligamento,
acomodados, adversos,
roídos de infernal curiosidade.

Carlos Drummond de Andrade

beijos
Cintia Napoli

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Atenção - Délia Steinberg Guzmán

“Atenção é uma forma de é uma forma de prolongar a vida. Quanto mais atenção, quanto maior a quantidade de ações válidas, mais a vida se prolonga dentro dos mesmos prazos de tempo, já que cada instante adquire uma dimensão especial”. Délia Steinberg Guzmán

terça-feira, 11 de maio de 2010

Harmonia

des, segue um  pensamento que eu acredito do que seja harmonia.
Harmonia é quando dois ou mais pequenos universos energéticos, em comum acordo, entram de cor em movimentos sincronizados e reverberantes para que todos possam cumprir seus respectivos papeis dentro do grande Universo.

sexta-feira, 30 de abril de 2010

Ouvi hoje é meu Ver.

Oi des...
ainda buscando o que seria o meu modo de OLHAR, desconfio que a minha audição é um jeito de OLHAR hoje... em casa ouvindo Cássia Eller pude ler no encarte do CD...

" Olhar o mundo
com a coragem do cego
Ler da tua boca as palavras
com a atenção do surdo
Falar com os olhos e as mãos
como fazem os mudos"

sim eu li e adivinha de onde é???
um diário de 1978, de um rapaz chamado... Agenor de Miranda Araújo Neto o "CAZUZA"

o olhar vai se revelando aos pocos, vamo que vamo nessa onda
abraços, beijos e MUUUUITA pesquisa pra gente.

PETER ABUDI.

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Como mudar o tempo?

des, deixo aqui postado uma imagem que eu tenho do tempo. Creio que existe uma relação com o olhar. O legal dessa concepção do tempo é que podemos alterar o tempo. Existe o tempo emocional, tempo fisico, tempo espiritual, etc. Para mim o tempo muda no momento que orientamos as mudanças de energias ao nosso redor. Posso ser mais jovem se exercito e me alimento bem, estou alterando o curso do tempo físico. O tempo encurta se estou ansioso, o tempo emocional supera o tempo físico nesse momento. Bom, papo cabeça demais… mas acho interessante pensar: Como altero o tempo cênico? Estou conectado? Como estou conectado? Em que momento troco de energia? São exercícios que tenho feito constantemente nos nossos encontros.
“Tempo é a capacidade da energia transpor entre matérias, espíritos e o plano que vivemos alterando cada uma delas. Ele é variável, pois é resultado da conectividade e interação entre esses três elementos que estão em constante mudanças. Assim é bom entender que o tempo não existe para nos corroer; ele existe para a evolução da matéria física ao espiritual. Uns chamam isto de envelhecimento, outros de amadurecimento. Creio que entender o tempo é estar ancorado no presente e interagir com este mundo encantador com certo desapego material para que um dia possamos esvanecer de bem com o espírito.”

UM TEMPO PARA CADA COISA: Eclesiastes 3

des, como no penúltimo encontro conversamos sobre o tempo e a percepção dela deixo aqui um texto do Eclesiastes. Yiuki
“Para tudo há um tempo, para cada coisa há um momento debaixo dos céus:
Há tempo para nascer, e tempo para morrer;
Tempo para plantar, e tempo para arrancar o que foi plantado;
Tempo para matar, e tempo para sarar;
Tempo para demolir, e tempo para construir;
Tempo para chorar, e tempo para rir;
Tempo para gemer, e tempo para dançar;
Tempo para atirar pedras, e tempo para ajuntá-las;
Tempo para dar abraços, e tempo para apartar-se;
Tempo para procurar, e tempo para perder;
Tempo para guardar, e tempo para atirar fora;
Tempo para rasgar, e tempo para coser;
Tempo para calar, e tempo para falar;
Tempo para amar, e tempo para odiar;
Tempo para guerra, e tempo para paz;
Que proveito tira o trabalhador de sua obra? Eu vi o trabalho que Deus impôs aos homens: Tôdas as coisas que Deus fêz são boas, a seu tempo. Êle pôs, além disso, no seu coração a duração inteira, sem que ninguém possa compreender a obra divina de um extremo a outro. Assim eu concluí que nada é melhor para o homem do que alegrar-se e procurar o bem-estar durante sua vida; e que comer, beber e gozar do fruto do seu trabalho é um dom de Deus. Reconheci que tudo o que Deus fêz subsistirá sempre, sem que se possa ajuntar nada, nem nada suprimir. Deus precede desta maneira para ser temido. Aquilo que é, já existia, e aquilo que há de ser, já existiu; Deus chama de novo o que passou.”  (Eclesiastes)

segunda-feira, 19 de abril de 2010

The Holy Moment

Link de um vídeo que eu gosto muito e que hoje faz todo sentido sobre os meus desejos existencialistas do olhar. É preciso ver até o fim:

http://www.youtube.com/watch?v=tDU3l8G3Ru8

Hoje eu te vi pela primeira vez

Hoje eu te vi pela primeira vez, depois da última vez que te vi. Parece redundante eu te dizer isso, mas, lembro-me bem da última vez que te vi e sei que foi a última vez.
Na última vez que te vi, você estava de lilás. Um vestido até os joelhos e um par de meias listradas. Não me lembro a cor, mas, eram listradas. Tenho certeza, pois, fui eu quem lhe deu as meias para combinar com o vestido. Isso foi na última vez que te vi e, pela primeira vez, não te vi mais.
Dessa vez, eu te vi pela janela, como da última vez, quando te chamei e você ainda se arrumava para mim pela última vez. Lhe dei as meias que você combinou com um vestido, e com uma pequena bolsa a tiracolo você já se preparava para pular a janela, quando se deu conta dos sapatos, que pela última vez eu vi ao lado da cama, que coberta com uma colcha de retalhos coloridos escondia nosso barco.
Teve uma vez, não a última, nem a primeira, que navegamos em nossa cama em direção ao “nunca ido”. Você concordou, eu relutei. Foi a primeira vez que lhe disse não, mas não a última. Foi a primeira vez que você me olhou nos olhos e disse: “Que não seja a última vez”. E não foi. Mais algumas vezes nós nos permitimos navegar sem que você soubesse onde jamais iríamos chegar. Nunca vi nosso barco atracar, apenas navegar, e navegar, e navegar...
O sol, a primeira vez que não se pôs à nossa frente, pintou de baunilha um pedaço do nosso sempre. E, também, foi a primeira vez da primeira vez que me apaixonei por você. Apaixonei-me, ainda, mais três vezes por você. Até onde me lembro bem, e espero que não seja a última vez...

(Otávio Linhares)

sexta-feira, 26 de março de 2010

O mais importante da foto…. Pierre Poulain

“… o mais importante da foto é o invisível: a emoção, o sentimento, a nostalgia, a harmonia”. Pierre Poulain

sexta-feira, 5 de março de 2010

Diferenças (corpos)

"Diferenças estão sempre presentes em nossas vidas. Visualizadas nos corpos, nas atitudes, nas palavras, nos movimentos, nas pessoas. O corpo é aquilo de mais imediato, próximo, característico de nossa existência (Vigarello, 2000), pois, é por ele que nos desvelamos.Portanto, refletir sobre o corpo é refletir sobre o ser humano, e conhecer as diferenças próprias de sua individualidade. Afinal, é na diferença que nos encontramos, pois ser corpo é ser eu. O corpo é essência que traduz a subjetividade do ser humano tornando-o único em suas diferenças, e, existência que evidencia sua presença visível e inteligível no mundo."
Janice Guimarães Carvalho - Mestre em Educação Física(http://www.cbce.org.br/cd/resumos/107.pdf)

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Dentro da ação se atualiza os sentidos das coisas.

Com os nossos últimos estudos teóricos e práticos ficou claro em mim que presença cênica se relaciona com a atualização dos nossos sentidos dentro da própria ação.
A cada instante, a todo lugar, em todo movimento existem infinitos universos a serem explorados. Nada é pouco na vida. Não existe monotonia, isso é coisa da nossa cabeça. Então em cada trajeto repetido há sempre algo novo a se experimentar. Se não propusermos a fazer isso a nossa energia se fecha num universo mental com movimentos representativos e mecânicos. A integração do corpo, mente e emoção no ato cênico começa a desvanecer. Quando isso acontece a presença cênica perde a força, pois nossas energias não foram canalizadas coerentemente: A mente representa, o corpo não acompanha e a emoção ficou lá atrás. Assim deixamos de ser autêntico em cena.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Let me see

Talvez eu olhe a vida com uma certa dureza e objetividade. Para mim é muito fácil focar. Posso me considerar uma mulher focada! Se levo meu olhar para dentro caio em devaneios sem fim. Se solto o olhar para o espaço, deixando que a vida me conduza, aparece um leve sorriso em meus lábios. A dureza é tão grande que minha boca seca e meu maxilar contrai. Às vezes parece que posso olhar os sons. Mas não me permito ainda atravessar paredes. Tenho olhos de águia, isso é fato! Será um olhar herdado do meu pai? O olhar do OUTRO melhora o meu.
Let me see, let me see, let me see ...

Instante mágico

Eu te vejo. 
Você me vê.
Mas algo só acontece quando nós olhamos.
Yiuki Doi

Sou olhado por tudo que me rodeia.

Sou olhado por tudo que me rodeia: As pessoas, a caneta, o sol, a janela, a flor, o carro, etc. Quando o olhar deles conquistam o meu, algo de extraordinário acontece: O mundo deles começa a invadir o meu ser e sinto um entusiasmo. Talvez o olhar é a janela de conexão dos outros universos para comigo, que desta maneira é concedida a mim o poder da manifestação. Yiuki Doi
P.S. Estou adorando a volta das nossas pesquisas práticas sobre os olhares. Ainda precisamos pensar como registrar essas práticas. Abraços e bom carnaval.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

I see you – Filme Avatar

Adorei a interpretação desse termo I see you do filme AVATAR que a Keiko escreveu para mim, posto aqui para compartilhar com vocês também. Yiuki Doi
"I see you..." EU VEJO VOCÊ
“Uma expressão repetida no filme, que simplesmente pode tentar resumir todo o contexto. Essa frase vai muito além do que no seu significado literal, é no sentido mais amplo, é quando sentimos e percebemos os ‘outros’ a nossa volta e intuímos que eles fazem parte de nós, e que nós dependemos deles, que ambos somos como raízes interligadas umas com as outras, fazendo parte de algo muito maior, podendo ser a própria natureza, o universo, Deus ou qualquer outra força maior.” (Keiko Utumi)

sábado, 9 de janeiro de 2010

Memória Visual Emocional

des, estou fazendo uma limpeza geral em casa e antes de jogar essa anotação da nossa pesquisa sobre a imagem e fotografia do espetáculo Lugares de mim resolvi postar aqui. Creio que tem haver com a nossa pesquisa do olhar. Yiuki
Memória visual emocional